Recados antigos - 9
Hoje,
Talvez o tempo me leve um pouco atrás
E me ajude a resolver questões
Que então aí não fui capaz
O tempo foi um aliado
Hoje é apenas mais um
Neste poema
Que agora escrevo, inacabado
Marco os meus pés
Na areia inexplorada
Não troco este som
Por tudo ou quase nada
O sol vai-se escondendo
Por trás da linha
De um horizonte
Que sempre se vai mantendo
Hoje,
Talvez o tempo passe devagar
Quem sabe ele queira
Que eu fique a pensar
Que mantenha os pés desenhados
Na areia inexplorada
Que sinta o acordar da noite
Depois de um dia de sorte disfarçada
Deixo-me ficar
Sento-me e respiro
O ar de mar
Com que me identifico
Nela, escrevo o teu nome
Em ti revejo-me
Em toda a parte
E mais não sei onde
O sol vai fugindo
O meu eu esquece
O passado e vive
Desafogado
No calmo de um final de tarde
Típico de um qualquer verão
Deixo-me ficar a ouvir no mar
Reflexos do meu coração
Ele nunca esconde
Nem sequer mente
Talvez seja ela que eu encontre
No meio desta gente
Deixo-me ficar
A ouvir
Vou sentir
E guardar
Para mim
O que ele me traz
Talvez seja a hora
De não voltar a olhar para trás
Seguir o horizonte
Talvez ele me traga
Vestígios de alguém
Que se esconde,
Não sei onde!
Francisco Milheiro
23.08.2011
Tags:
"recados antigos"
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